A Minha história
As emoções são poderosas
“As emoções são poderosas. O teu estado de ânimo determina como interages com as pessoas, a quantidade de dinheiro que gastas, a forma como lidas com desafios e a maneira como passas o teu tempo. Obter o controlo das tuas emoções ajudar-te-á a estares mais forte mentalmente.” ― Ami Morin, ― Ami Morin, 3 Powerful Ways to Gain Control Over Your Emotions
Na minha infância adoptei o seguinte pensamento: “As coisas correm-me sempre mal!”. E, assim, eu dava por mim no meio de situações ridículas, as quais os meus amigos classificavam como “típico da Ana!”. Era como se eu me encontrasse numa espiral, um redemoinho da minha própria criação, da qual eu não conseguia sair. Passaram muitos anos até que, aos 37 anos, o meu redemoinho se transformou num esgotamento. A meu lado eu tinha um marido maravilhoso e uma filha de 3 anos, mas percebi que precisava duma mudança de vida. E desta vez aconteceria mesmo! “Mas por onde devo começar?”.“Obtém o controlo das tuas emoções!”,disseram-me. “E como faço isso??”
“Tu deves ser a mudança que queres ver no mundo.” – Gandhi
Os meus pensamentos e questões estavam loucos num turbilhão incessante: “Como é que saio deste alvoroço emocional? Como controlo as minhas emoções? Devo mesmo controlar as minhas emoções? Talvez eu deva procurar a ajuda dum terapeuta. Mas eu vivo no estrangeiro e não me sinto confortável a expressar os meus pensamentos e emoções numa língua estrangeira… Se ao menos eu estivesse no meu país… Mas não estou. E eu preciso de trabalhar. E tenho tantas responsabilidades em cima de mim! As pessoas dizem que a meditação é uma excelente ajuda para diminuir o stress, mas eu não tenho tempo para isso! Estou muito stressada, tenho muito que fazer, e não tenho tempo para relaxar.Dizem que basta 30 minutos de meditação por dia, mas eu nem tenho tempo para respirar!”.
A cereja no topo do bolo foi culpabilizar os outros: “Não é culpa minha, é deles!”[Voltarei a isto mais tarde.]
Os engenheiros desenrascam-se sempre.
“Eu sou engenheira, eu desenrasco-me. Tem de haver alguma maneira fácil e rápida de gerir as minhas emoções! Eu vou encontrar a solução. Os engenheiros encontram sempre uma solução!”, disse eu a mim mesma.
Naquela altura eu não sabia que outro longo caminho viria à minha vida. Um caminho que não teria volta atrás. Falando de percursos, uma vez um influente palestrante motivacional disse:
"A única viagem impossível é aquela que nunca inicias." - Tony Robbins
Eu acrescentaria a esta frase que: “Às vezes não tens outra escolha senão começar a viagem impossível porque… a vida empurra-te até ao limite!”.
Durante todo o percurso profissional como engenheira, todas as vezes que tinha um problema para resolver, eu seguia mais ou menos os seguintes passos: definir o objectivo > estabelecer critérios e restrições > avaliar as diferentes opções > construir um protótipo da melhor solução > testar o protótipo usando os critérios estabelecidos > analisar os resultados do teste e fazer mudanças caso seja necessário > comunicar a solução final. Desta vez, para solucionar como sair do turbilhão mental em que me coloquei, eu sabia que não podia usar os meus velhos hábitos. Tinha de fazer algo diferente. Era minha responsabilidade resolver os problemas na minha vida e ultrapassar o esgotamento. Senão arriscava-me a prejudicar a minha relação com a minha filha e com o meu marido. Eu já estava no limite!
Eu sou uma pessoa de lógica que, durante décadas, fui treinada para seguir procedimentos e metodologias. Matemática e Física eram, e ainda são, os fundamentos principais usados para eu entender a minha realidade e o mundo à minha volta. Não o posso evitar, não o posso mudar. A solução que eu estava à procura, para me ajudar a deixar de reagir da forma à qual eu estava condicionada a reagir, precisava de ser rápida, simples e segura (comprovada cientificamente). E então lembrei-me dos “exercícios mentais” que o meu pai me tinha ensinado em 2011 numa das visitas que me fez.
O meu 2011 no abismo
Em 2011 eu estava desesperada à procura dum emprego na Alemanha, onde vivia, como engenheira. Alguns meses antes eu tinha sido dispensada da empresa onde trabalhava, e estava a ser difícil manter-me motivada no processo de busca de trabalho. Estava a começar a sentir-me deprimida. Desde que me tinha mudado para a Alemanha, eu tinha sempre evitado partilhar as más notícias com os meus pais. Informava-os somente se fosse realmente necessário para eles, mas falava sempre do lado positivo das situações (já se sabe: quando se sai de casa dos pais e se emigra é para alcançar uma vida melhor, não para falhar). No entanto, de alguma forma o meu pai percebeu a minha pouca esperança em encontrar um novo trabalho e disse-me pelo telefone: “É tempo de te ensinar alguns exercícios. Vou marcar um vôo para ir aí o mais rapidamente possível.” A minha resposta foi: “Sim, o que quiseres, pai. És sempre bem-vindo à nossa casa.” Quando terminou a chamada eu pensei: “Do que é que ele estava a falar? Provavelmente será alguma das suas técnicas fora-da-caixa de terapia relacionadas com hipnose…”.
Eis um pouco da experiência profissional do meu pai: é um psicólogo com mestrado e doutoramento, especializado na área de hipnose clínica. Sempre que alguém me perguntava acerca da profissão do meu pai, eu respondia que o seu trabalho era/é muito mais do que prática clínica, pois é enorme o conhecimento que tem sobre como a mente e a consciência funcionam.
Quando o meu pai chegou, combinámos fazer duas sessões para eu aprender exercícios que me ajudariam a ultrapassar o meu turbilhão emocional e ter a minha vida de volta ao normal. Pois, afinal de contas, 2 semanas depois eu teria a minha próxima entrevista de trabalho. Há que relembrar, meus queridos, que a minha mente em 2011 estava numa tal confusão que, mesmo com um fantástico currículo, eu tinha falhado todas as entrevistas a que tinha ido. A esta fase eu gosto de chamar “o meu 2011 no abismo”.
“Estou a arrasar!”
Após uma semana com duas sessões a aprender os exercícios com o meu pai, e mais duas semanas a praticá-los sozinha a cada dois dias até à próxima fase de entrevistas de trabalho, consegui passar na primeira entrevista! E também passei nas três entrevistas seguintes! Passei nas quatro entrevistas a que fui!
Em três semanas passei duma pessoa que se sentia deprimida, num estado mental de desesperança, a uma pessoa incrédula a perguntar-me “O que é que me aconteceu? Eu consegui mesmo o emprego? Estou a arrasar! Venhamos a isso!!”
O ponto de partida para A Minha Caixa de Ferramentas da Mente (My Mind Toolbox)
Entre 2011 (depois de conseguir o emprego) e 2018 (quando comecei a sentir o esgotamento) raramente pratiquei os exercícios que o meu pai me ensinou. Eu já não precisava disso, pensava eu, pois a minha vida tinha voltado ao normal. Consegui o tal emprego como engenheira. Eu tinha um bom salário. Estava financeiramente independente do meu marido, e conseguíamos ir de férias a lugares lindos como a Tailândia, por exemplo. Em 2013 engravidei e tivemos o privilégio de ficar em casa juntos (sem ter de trabalhar) durante os primeiros 10 meses da nossa bebé. Em 2015, após 14 meses de licença de maternidade, tive de me candidatar a um novo emprego, já que tinha encerrado a empresa onde eu tinha começado a trabalhar em 2011. Encontrar um outro óptimo novo emprego não seria problema (eu tinha os exercícios do meu pai ali à mão!). A vida era boa.
E depois chegou 2018… E aí chegou a irritação, as insónias, o stress, os pensamentos compulsivos, o cansaço mental, a doença e, por fim, o esgotamento.