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Movimento Ocular Rápido

Movimento Ocular Rápido

Duração: 2 Minutos

Objectivo: Para reduzir o pensamento compulsivo e/ou irritação ou raiva persistente

Fonte: David Servan Schreiber (livro “The Instinct to Heal: Curing Depression, Anxiety and Stress Without Drugs and Without Talk Therapy”, 2009)

Exercício:

Passo 1

Encontra uma posição confortável e fecha os olhos. 

Concentra-te, visualmente, na situação: Onde estavas? Como era esse lugar? O que estavas a fazer? Estavas sozinho/a? Se não estavas, quem estava contigo? O que aconteceu que te incomodou? Como reagiste à situação?

Passo 2

Concentra-te, emocionalmente: 

na situação: Qual foi a emoção associada à tua reacção?

Numa escala de 1 a 10, como te sentiste?

Passo 3

Concentra-te na reacção física: 

Houve uma resposta física associada com essa emoção? Se sim, onde a sentiste? 

Passo 4

Aplica o Movimento Rápido dos Olhos:

Olha alternadamente para a esquerda e para a direita, 12 vezes cada, durante 12 segundos.

Faz uma pausa de 30 segundos.

Passo 5

Verificar:

Numa escala de 1 a 10, como te sentes? 

Repete os passos até te sentires satisfeito/a com a tua posição na escala. 

Minha Explicação

Movimento Ocular Rápido (REM)

Fonte: David Servan Schreiber

“E então, mantendo a tua cabeça quieta, olha alternadamente para o lado esquerdo e para o lado direito, 12 vezes cada, durante 12 segundos”, disse-me o meu pai em Agosto de 2011. Essa foi a primeira vez que eu tive contacto, conscientemente, com o Movimento Rápido dos Olhos (REM).

Durante a sua visita para partilhar comigo algumas técnicas que me ajudariam a sair do desespero, confiei no meu pai e apliquei as suas técnicas - apesar de não ter nenhuma explicação sobre os fundamentos científicos dessas técnicas. Quando comecei a aplicar as técnicas em 2011, não questionei o como nem o porquê, pois isso não era a minha prioridade. A minha prioridade era sair do turbilhão emocional em que estava a viver. Decidi experimentá-las, confiando nos estudos e na experiência em psicologia do meu pai, juntamente com a sua certificação internacionalmente reconhecida como terapeuta, e com o seu amor incondicional por mim. “O meu pai deve saber o que está a fazer”, disse para mim mesma. E realmente sabia, como pude confirmar duas semanas depois quando consegui o emprego que eu queria e, também mais tarde, em 2018, ao compreender a ciência por trás do como e do porquê.

“O Movimento Rápido dos Olhos é semelhante ao que experienciamos espontaneamente durante o sono (fase REM), e é suposto terminar o que não foi possível terminar quando aconteceu a experiência adversa de vida. É um mecanismo natural que acelera a cura após um trauma psicológico.” (David S. Schreiber em “The Instinct to Heal: Curing Depression, Anxiety and Stress Without Drugs and Without Talk Therapy”, 2003)

O nosso cérebro não reconhece a diferença entre actividades reais e imaginárias (David R. Hamilton PhD, 2014), ou entre actividades do passado, presente ou futuro. Como assimilamos a realidade física através da visão, audição, olfacto, paladar e tacto, juntamos um significado emocional a cada experiência de vida. Então, qualquer situação semelhante a alguma experiência passada, envolvendo os mesmos pensamentos, emoções, imagens e/ou sons, cheiros, sabores e sensações, pode recordar (como um “gatilho”) a experiência vivida na sua totalidade. É por isso que, se a situação relembra uma experiência adversa de vida envolvendo um enorme stress (o estado “lutar ou fugir”), podemos sentir o coração a bater mais rápido, a respiração a acelerar, o estômago a arder, ou as mãos a transpirar. Mesmo que só estejamos a revisitar uma memória…

No livro “The Instinct to Heal”, o autor David S. Schreiber captou a minha atenção quando descreveu o extraordinário processo de cura de uma paciente sua que tinha sido violada pelo pai quando era criança. Enquanto ela descrevia o que tinha acontecido, partilhou que tinha a sensação de que era a responsável pela acção do seu pai - como acontece com a maioria das vítimas de abuso sexual. Durante a terapia EMDR, enquanto ela pensava e falava acerca da situação horrenda do passado, David S. Schreiber pediu-lhe que fizesse o Movimento Rápido dos Olhos. E ela fê-lo. E após uma pausa de 30 segundos, enquanto relembrava a memória daquele evento, ela pôde finalmente ver e entender que a violação não era culpa dela, pois era apenas uma criança quando aquilo aconteceu, e que era responsabilidade do pai tomar conta dela e protegê-la. 

Sem ter a intenção de desvalorizar qualquer trauma intenso (Trauma “T”) associado ao transtorno de stress pós-traumático (TSPT) - que inclui ferimentos graves, violência sexual ou experiências com o risco de vida - pensei para mim mesma: “Se o Movimento Rápido dos Olhos funciona para casos horríveis, como o da mulher violada em criança, também deve funcionar para o meu caso!”. Por “meu caso” eu quero dizer os meus pequenos traumas “t”.

“Pequenos traumas “t” são eventos altamente angustiantes que afectam os indivíduos a nível pessoal, mas não se enquadram na categoria de Grandes Traumas “T”. Exemplos de pequenos traumas “t” incluem ferimentos sem risco de vida, abuso emocional, morte de um animal de estimação, bullying ou assédio, e fim duma relação importante… As evidências concluem agora que a repetida exposição a pequenos traumas “t” pode causar mais dano emocional do que a exposição a um só evento Traumático Grande “T”. Pode ser mais difícil obter empatia e aceitação do impacto que pode ter um pequeno trauma “t” devido ao equívoco comum de que estes eventos são menos importantes do que emergências com o risco de vida. Minimizar o impacto destes incidentes pequenos ”t” pode criar o comportamento contrário para os enfrentar, como reprimir as emoções ou tentar controlar os sintomas sem o apoio adequado. Deixar de lidar com o sofrimento emocional de qualquer evento traumático pode levar à acumulação de danos com o passar do tempo.” (https://journeypureriver.com/big-t-little-t-trauma/, 2020).

Sabes aquela sensação quando o teu corpo estremece só porque acabaste de dar conta que recebeste um novo email de alguém de quem não gostas ou em quem não confias? E aqueles calafrios desconfortáveis que sentes só de ouvir o toque do teu telemóvel do trabalho? O teu batimento cardíaco acelera 10 minutos antes de começar uma reunião importante? Estes exemplos são todos sintomas de resposta ao stress de traumas “t” existentes. Comecei a reconhecê-los em mim como tal e, consequentemente, quis eliminá-los da minha vida. Porquê? Porque eu não queria viver em constante resposta ao stress, deixando o meu corpo produzir, por longos períodos de tempo, um cocktail de hormonas de stress que poderiam afectar a minha saúde física. Como a Drª Jill Seladi-Schulman afirma num dos seus artigos: ”Existem muitas teorias sobre como o stress pode contribuir para o risco duma pessoa desenvolver cancro.”

“Quando o teu cérebro reconhece algo como uma possível ameaça ou perigo, uma combinação de sinais nervosos e hormonais é enviada para as tuas glândulas supra-renais. Por sua vez, estas glândulas produzem hormonas, incluindo adrenalina e cortisol, que activam a resposta ao stress.”, Jill Seladi-Schulman, PhD. (https://www.healthline.com/health/can-stress-cause-cancer#types-of-stress, 2019).

Além disso, a ideia de ter a minha vida física e mental a ser controlada pelas acções de outras pessoas contribuiu imenso para que eu desejasse parar com estes pensamentos caóticos. Como? Aplicando a técnica do Movimento Rápido dos Olhos.

Desde que li o livro “The Instinct to Heal”, de David S. Schreiber, que utilizo o Movimento Rápido dos Olhos (REM) sempre que me sinto numa experiência adversa de vida que me força a “lutar ou fugir”. Se tiver oportunidade, faço-o logo após a situação. Se estiver sozinha no meu escritório, faço-o sentada à minha secretária. Se não estiver sozinha, procuro um lugar tranquilo, ou então tomo nota do que aconteceu e aplico a técnica quando chegar a casa (às vezes antes de adormecer). Após aplicar a técnica REM, sinto-me exactamente como afirma o autor David S. Schreiber: terminar o que não foi possível terminar quando aconteceu a experiência adversa de vida. Esta técnica ajuda-me a recompor-me e a ficar calma, centrada, livre de influências externas, e a ficar em paz comigo mesma.

Se eu não tivesse ficado desesperada para sair do turbilhão emocional em que me encontrava em 2011, o meu pensamento de lógica não me teria permitido descobrir a ferramenta maravilhosa, rápida e fácil que é o Movimento Rápido dos Olhos. 

Repetições de 12 segundos é tudo o que precisas ☺  

Pronto/a para experimentar?